Por Júlio Nazareth e Fábio Boaventura
Pura especulação? Não. São cada vez mais comuns jovens empreendedores buscando seu espaço no mercado. No mundo universitário encontram-se inúmeros estudantes que põem em prática o espírito empreendedor. Enganam-se aqueles que pensam que somente nos cursos de administração é possível encontrá-los. Esses aspirantes a empresários estão em todos os cursos - de administração à gastronomia. Cada um na sua área, com seu produto ou serviço específico. Ousadia, energia e criatividade são algumas das características que compõem o perfil desses recém-chegados ao mundo dos negócios.
Foi-se o tempo em que boutiques eram caprichos de ‘’patricinhas’’ e que papelaria ou barzinhos coisas de ‘’quarentões’’ que não tiveram oportunidade de estudar e entravam para o mundo dos negócios por mera necessidade. Hoje, no Brasil, o número de empreendedores por necessidade ainda é maior que por oportunidade. Mas pesquisas revelam que o número de empreendedores por oportunidade (aqueles que têm visão de negócio e percebem a necessidade do público consumir determinado produto ou serviço) vem crescendo a cada ano. No ano passado, o Brasil superou mais uma vez a proporção de dois empreendedores por oportunidade para cada empreendedor por necessidade, o que já havia ocorrido em 2008, e o que revela uma pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) divulgada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae).
Mas o que motiva pessoas que ainda estão nas cadeiras da faculdade a se arriscarem no mundo dos negócios? Fatores como salários defasados, pouca oportunidade na área de formação, desvalorização do profissional por parte de algumas empresas? Não necessariamente, mesmo porque a pesquisa divulgada pelo Sebrae mostra outra realidade no Brasil: o crescimento de empreendimentos por oportunidade maior que por necessidade. Vontade de por em prática aquilo que aprendem nas faculdades são elementos que estimulam alguns aspirantes a área
empresarial.
É muito comum encontrar jovens universitários que conciliam a vida acadêmica e o seu empreendimento. Esse é o caso de Marcelo dos Santos Soares, de 28 anos, e que há quatro anos resolveu investir no próprio negócio. Soares é proprietário de uma farmácia na cidade de Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Estudante do sexto período do curso de Publicidade e Propaganda, ele iniciou seu negócio logo depois que começou a estudar. Afastou-se da faculdade por um ano para dar maior atenção aos negócios e assim que o empreendimento
engrenou, retomou os estudos.
Soares escolheu a área farmacêutica pela experiência que possui nesse setor e se diz bastante satisfeito com os resultados obtidos até agora. Sua loja emprega, atualmente, seis funcionários e há a possibilidade de novas contratações, uma vez que vem atingindo sua meta de crescimento, que é de 20% num período de três meses.
Perguntado qual o segredo para o sucesso, ele diz: "É necessário muita dedicação, empenho e responsabilidade. Apesar do fato de não ter patrão, o que torna o serviço menos estressante, o trabalho é dobrado quando se trabalha por conta própria". Marcelo Soares ainda orienta aos aspirantes a empresários que procurem trabalhar com o produto ou serviço com os quais tem experiência e que uma orientação do Sebrae faz muita diferença.
Esses jovens buscam autorealização e encaram os desafios com muita energia. São ousados e muitas vezes preferem se arriscar no mercado a trabalhar para uma grande empresa. Gostam de ser o próprio patrão. Mas o que fazem de tão especial para obterem sucesso? Talvez porque atuam na área que têm afinidade, com aquilo que gostam e fazem com paixão e prazer.
E foi a paixão que levou Rafael Pessoa, de 19 anos, estudante de sistema de informação, a investir na área de informática. Há dois anos ele abriu uma lan house no bairro Gávea, em Vespasiano. No inicio usou a garagem de sua casa que estava desativada para instalar os computadores e contou com a ajuda da família que o incentivou a criar o negócio. Pessoa sempre gostou dessa área e viu a oportunidade de ser feliz como empreendedor no momento em que era solicitado por vizinhos a fazer pequenos trabalhos de diagramação, digitação de currículos, cadastramento de CPF, entre outros. "Não tive dúvidas, comecei a economizar o dinheiro que ganhava e logo comprei três computadores usados, fiz os reparos necessários, juntei a bancada e cadeiras doadas por familiares e montei minha lan", conclui. Ele ainda não registrou seu negócio, mas diz que pretende reguláriza-lo ainda este ano.
E aqui vai uma ótima dica para aqueles que pretendem entrar para o mundo dos negócios. O Sebrae realiza todos os anos o Desafio Sebrae, que é um jogo virtual que simula o dia-a-dia de uma empresa durante seis meses, estudantes de todo o país, organizados em equipes, testam sua capacidade de administrar um negócio, tomar decisões e trabalhar em equipe. Para maiores informações basta acessar o site: www.desafio.sebrae.com. br.
Mãos à obra e boa sorte!
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