
Por: Márvio Gonçalves e Rayssa Carvalho
“Oh I, oh I’m still alive. Hey, I, I, oh, I’m still alive!”, as 8h30 de sábado essa é a firmação que sai do aparelho de som no volume 8, quando o máximo é 10, da sala de um apartamento na zona oeste de Belo Horizonte.
Anderson, ouvindo a música, come um mamão, após ter devorado algumas bananas e uma pêra, chega o refrão novamente, “Oh eu, oh, eu ainda estou vivo! Hey, eu, eu, oh, eu ainda estou vivo!”, traduzindo o que Eddie Vedder, vocalista da banda americana de Seattle, Pearl Jam, canta. Então completa, “isso me anima”.
Há mais ou menos 15 anos, Anderson da Matta, hoje estudante de arquitetura, se animava durante as manhãs assistindo, com o pai, as provas de atletismo. Talvez ainda sonolento sonhava, como toda criança, em atravessar a faixa de chegada, cansado, suado e ouvindo as palavras inconfundíveis, “Campeão!”. Agora não é um sonho e também não terá nenhuma faixa ao final dos 15 quilômetro de corrida em torno da Lagoa da Pampulha. “Hoje é um dia perfeito”, sorri após uma olhada para céu e a certeza de sol.
No frio da manhã belo-horizontina, sai de casa ainda com a calça de moletom, entra no carro mastigando uma barra de cereais e começa a contar como foi o primeiro dia em que resolveu começar a correr. “Sempre gostei de esportes, nunca fui fã de academia e toda aquela gente puxando ferro, mas desde pequeno queria fazer esporte. Um amigo me chamou para uma competição noturna em Ouro Preto. De cara pensei que seria uma ótima experiência e fui”.
Ainda no percurso entre o apartamento e a lagoa, observa o relevo das descidas e subidas de BH e comenta, “pra quem gosta de uma subidinha essa é a cidade ideal”.
Na verdade, segundo os livros de geografia, Belo Horizonte é uma cidade de relevo acidentado, ou seja, plano com algumas montanha. As serras são ramificações da Cordilheira do Espinhaço e pertencem ao grupo da Serra do Itacolomí. Os grandes vizinhos da cidade são a Serra de Jatobá, José Vieira, Mutuca, Taquaril e Curral, sendo que o melhor exemplo para essa descrição é a Serra do Curral, vizinha pelo lado sul da cidade com seus 1538 metros.
Enquanto a conversa viajava pelas montanhas, passam os 17 minutos da curta viagem até o local escolhido para treinar. Assim que salta do carro Anderson deixa o moletom e começa a fazer seus alongamentos, “não me machuco muito, mas é sempre bom evitar”.
Às 9h10 começa a correr em sentido horário pela orla da lagoa construída por JK. Sozinho. “Oh I, oh I’m still alive. Hey, I, I, oh, I’m still alive!”, “essa música não sai da cabeça, mas é melhor assim, quando você fica pensando em algo positivo, correr com o peso do mundo nas costas não é legal”, sorri mais uma vez e sai.
A rotina de treinos agora está prejudicada pelas demandas no trabalho. “Antes, quando só estudava, corria 15 quilômetros, três vezes por semana, agora com o trabalho, diminuí para duas vezes, sempre no sábado e algum outro dia de folga. Ficar sem correr é frustrante, quando estou dando minhas passadas sinto-me livre, não há preocupações, sou só eu e o asfalto, sem correria, só a minha corrida”.
Depois de 51m27s, Anderson aparece na curva da lagoa, suado, cabelos arrepiados, o short e a camiseta, mesmo molhadas, balançam ao vento, seu sorriso é contagiante e impressiona o quanto um tênis e um monte de vontade podem fazer alguém feliz!
Antes de se aventurar pelas ruas, fique ligado nessas dicas:
- Antes de começar a correr é sempre indicado procurar ajuda profissional;
- Os interessados podem responder o questionário PAR-Q, disponível na internet, elaborado pela Physical Activity Readiness Questionnarie, ele tem o objetivo de identificar a necessidade de avaliação clínica antes do início da atividade física. Caso você marque mais de um sim, é aconselhável a realização da avaliação clínica;
- Procure usar roupas leves como camiseta e short;
- Se alimente bem e de forma saudável antes e depois de qualquer atividade.
- Comece devagar, respeitando os limites do seu corpo e vá aumentando a carga aos poucos;
- Qualquer pessoa pode participar de uma atividade física de esforço moderado, respeitando as restrições médicas;
- Procure na internet ou em uma academia perto de você, sempre haverá um grupo de corrida onde você possa começar a treinar em equipe.
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