segunda-feira, 6 de junho de 2011

Pelas trilhas quentes do Inverno Mineiro

Por Jussara Joanita e Mariana Lara



 


A estrada real que corta parte de Minas Gerais ganha maior movimento no mês de julho e dá nova energia à famosa quietude dos mineiros. Nesta época do ano, junto com o friozinho das montanhas chegam turistas de várias regiões do país querendo conhecer e sentir a boa hospitalidade das ‘bandas de cá’.


Os Festivais de Inverno que acontecem tradicionalmente nas cidades históricas mineiras surgiram com a intenção de estender a produção cultural existente nos centros de ensino para a sociedade mineira. Atualmente são promovidos, na grande maioria, pelas universidades federais e desenvolvidos em parceria com as prefeituras locais, como no caso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ). No mês das férias o friozinho aperta e a programação sempre recheada de boas atrações culturais aquece também diversas cidades do interior de Minas, como na charmosa Itapecerica e na cidade de Diamantina.


Pegue carona nas trilhas dos festivais mineiros e conheça um pouco da história, quais são as atrações deste ano para cada uma das cidades, que juntas compõem uma das melhores opções de férias, e descubra muito mais. Montamos um “circuito cultural” para quem aprecia uma boa dose de arte e quer espantar o frio com muita cultura.


“O Festival de Inverno é um evento transformador, quem passa por ele nunca mais é o mesmo”, assim, o professor e coordenador geral do festival da Universidade Federal de Minas Gerais, Fabrício Fernandino, resume a responsabilidade do Estado no cenário cultural. Para começar a viagem conheça este que é considerado “a mãe de todos os festivais”. Completando a sua 43ª edição, mantém-se dinâmico e atual, à medida que propõe repensar o seu papel na sociedade. Neste ano, vai inovar abrangendo outras quatro cidades do estado, além da tradicional Diamantina. Com o tema "Zonas de Interferência" vai expandir as atividades a Belo Horizonte, Brumadinho, Tiradentes e Cataguases, a partir de uma programação muito especial entre os dias 8 de julho e 7 de agosto. O conceito temático traduz a relevância de um festival, que pioneiro, tornou-se um instrumento transformador de vida de todos os envolvidos. Sua primeira edição foi em 1967 idealizada por professores da Escola de Belas-Artes e da Fundação de Educação Artística (FEA). A histórica cidade de Ouro Preto sediou inicialmente os encontros combatendo a forte repressão militar, impulsionou o surgimento de mais um espaço para debate e reflexão em Minas.



Mudando o trajeto para Ouro Preto, é possível respirar cultura e transpirar muito subindo as ladeiras da cidade. Fazendo uma homenagem às conhecidas Vilas de Minas formadas pela Vila de Ribeirão do Carmo (Mariana), Vila Rica (Ouro Preto) e Vila Real Nossa Senhora da Conceição (Sabará), o Festival de Inverno - Fórum das Artes de 2011, será realizado entre os dias 8 a 24 de julho. A Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP, assumiu em 2004 a realização do evento, até então produzido pela UFMG.


A partir dai passou a envolver a cidade de Mariana integrando atividades culturais nas duas primeiras capitais de Minas Gerais. Sempre que pode, a estudante universitária ouropretana, Isadora Arinda, participa dos festivais de inverno promovidos em sua cidade natal. Ela afirma que o evento proporciona a interação da comunidade. “Os moradores ganham por poder participar das várias atividades culturais e a cidade ganha porque gera a circulação de capital”, diz Isadora. A estudante ressalta ainda que a gratuidade das atividades é um fator importante para estimular o turismo e a participação da comunidade. Nos primeiros festivais realizados em Ouro Preto, as oficinas e shows eram pagos e isso restringia o número de participantes, situação que tem mudado devido às parcerias entre as prefeituras de Ouro Preto e Mariana, com a UFOP. Nas visitas a esta cidade encantadora é possível observar que o clima aconchegante das ladeiras e a energia dos moradores, estudantes e turistas é contagiante, fazendo qualquer ‘gringo’ se encantar com o pãozinho de queijo que acabou de sair do forno a lenha.

Quer prolongar a viagem? A programação cultural de inverno em Minas se estende por todo o mês de julho. Ainda no ritmo das universidades federais chegamos ao Inverno Cultural da cidade de São João Del Rei, que acontece entre os dias 16 a 30. Realizado desde 1988 e já firmado no cenário mineiro como um evento que promove arte e cultura, é o maior programa de extensão entre a instituição e a comunidade. É reconhecido pela qualidade das atividades culturais propostas a cada ano como, oficinas, exposições, lançamentos de livros, seminários, espetáculos de teatro, dança e shows, apresentando um rico repertório e linguagens múltiplas da arte e da cultura para quem quiser espantar o frio. (Acima: Foto de André Fossati / Abaixo: Site Itapecerica)



No rumo dos grandes festivais está a charmosa Itapecerica no centro-oeste do estado. Ao contrário do que acontece em outras cidades mineiras, o município não acolhe nenhuma instituição de ensino superior e a prefeitura promove o evento em parceria com uma grande empresa privada. Acompanhado por muitas atividades culturais o inverno chega e mobiliza, no período de 17 a 24 de julho, a pequena cidade, que na sua 17ª edição ainda busca maior envolvimento da população. Segundo o jornalista itapecericano, Frederico Mesquita, o evento surgiu como grande opção de cultura para a população local, trazendo espetáculos de dança, teatro de rua, apresentações musicais e oficinas, mas ainda está caminhando para alcançar toda a comunidade. A assessora de comunicação da prefeitura, Lidiane Medeiros, informa que na programação deste ano as entidades culturais da cidade terão destaque, valorizando assim os músicos e os artistas da terra. “Nos distritos teremos apresentações teatrais dando oportunidade para que as pessoas que não possam se deslocar até a cidade também participem do evento” afirma.



Seguindo as trilhas quentes do inverno mineiro, moradores, estudantes e turistas saem de suas rotinas e por meio dos encontros aquecem o movimento cultural existente no país. Da produção, incentivo e apresentação das atividades ligadas as mais diversas áreas do conhecimento, promove-se a transformação na vida de quem participa dos festivais de inverno, que assim como exalta o hino do nosso estado, “Oh! Minas Gerais! Quem te conhece não esquece jamais!”.

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